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Eduardo Guimarães |
A frase que intitula este texto
deriva de brincadeira que tomou as redes sociais na internet na última
sexta-feira por conta de mais uma “denúncia” do jornal Folha de São Paulo
contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – sobre palestras que ele dá
no exterior.
A tal “denúncia” virou motivo de
piada porque pretendeu negar a um cidadão em pleno exercício de seus direitos
constitucionais a prerrogativa de todo ex-presidente da República de ter apoio
do Estado ao fim de seu mandato e o direito a atividades estritamente privadas
que a outros ex-presidentes jamais foram negadas.
Aqui e em muitos outros países
democráticos – como nos Estados Unidos, por exemplo – ex-presidentes se tornam
instituições nacionais. Além de direito a segurança e a proventos, quase todos
eles se tornam palestrantes e são remunerados por isso – com maior ou menor êxito.
De Bill Clinton a Fernando
Henrique Cardoso, ex-presidentes fundam institutos que levam seus nomes e que
reúnem acervos contando a história de suas passagens pela Presidência, além de
desenvolverem estudos políticos, econômicos e sociais.
Outro ex-presidente
norte-americano que têm um instituto que atua fortemente em consonância com seu
patrono é o prêmio Nobel da Paz Jimmy Carter, que atua em direitos humanos e
até em fiscalização de eleições em várias partes do mundo, além de o próprio
Carter ser um renomado palestrante.
FHC deu muita palestra
remunerada, tem direito a todos os benefícios do Estado concedidos a Lula,
inclusive suporte em missões no exterior, pois não se imagina que quando um
ex-presidente visita outro país a representação diplomática desse país o trate
como qualquer um.
No entanto, no dia seguinte à
denúncia da Folha de que Lula faz o que tantos outros ex-presidentes fazem em
termos de palestrar no exterior com despesas e até honorários pagos pelos
anfitriões, o jornal voltou à carga “denunciando” que as representações
diplomáticas brasileiras lhe dão suporte quando visita os países em que estão
sediadas.
Nunca se viu isso em relação a
nenhum outro ex-presidente. Até uma doação de quase meio milhão de reais de
dinheiro público ao ex-presidente FHC não mereceu da própria Folha mais do que
uma notinha escondida nas páginas internas – e que após ser publicada nunca
mais foi notícia.
A “denúncia” contra Lula, porém,
além de ganhar destaque principal na primeira página do jornal na sexta-feira
continuou sendo martelada no sábado, agora sob a “revelação bombástica” de que
a visita de um ex-presidente a outros países gera custos às representações
diplomáticas brasileiras sediadas neles.
Eis por que faz todo sentido a
piada que surgiu na internet. O jornal em questão, bem como alguns outros
veículos da imprensa escrita e eletrônica, passaram anos tentando derrubar Lula
da Presidência da República e, agora, querem derrubá-lo da condição de
ex-presidente.
Nesse ponto, vale uma reflexão: o
que a última pesquisa Datafolha sobre a sucessão presidencial de 2014 e a mais
nova “denúncia” contra o ex-presidente têm a ver uma com a outra? Na opinião
deste que escreve, pesquisa e denúncia têm tudo a ver.
As duas iniciativas de uma das
quatro cabeças da hidra reacionária e despótica que há 500 anos aterroriza o
Brasil decorrem da mesma obsessão da direita midiática em derrotar Lula através
da arma mais poderosa de que ela sempre dispôs: a difamação.
E impedir a reeleição de Dilma
Rousseff não passa de outro capítulo dessa odisseia reacionária, pois seu
governo é produto do respeito, da admiração e da confiança que a maioria massacrante
do povo brasileiro concedeu e continua concedendo ao ex-presidente.
A tal “principal arma” da dita
“imprensa” que atua como partido político de oposição perdeu a eficácia contra
Lula e não foi por acaso. Isso porque esses veículos ainda acreditam que podem
inventar um cenário para o país e fazê-lo virar realidade.
Um dos fenômenos administrativos
mais comentados é a preservação da condição de vida dos brasileiros em um
momento em que o mundo padece sob a crise econômica mais grave da história. Contudo,
a oposição brasileira e sua mídia insistem em tentar pintar uma realidade
totalmente diferente.
Oposicionistas queridinhos da
mídia vivem dizendo que o país “está em frangalhos” apesar de a qualidade de
vida no Brasil ser hoje a melhor em toda sua história, com pleno emprego,
crescimento e distribuição de renda a todo vapor. E a mídia endossa tal
premissa oposicionista.
Sempre digo que quem votou em
Lula em 2006 e em sua indicada em 2010 apesar da tempestade de acusações contra
ele e ela durante aqueles processos eleitorais – e que hoje está sendo
recompensado por isso –, dificilmente mudará de opinião.
Não existe nenhuma acusação a
Lula hoje que não tenha sido feita até 2010, ano em que colheu sua terceira
estrondosa vitória eleitoral consecutiva sobre seus inimigos políticos, que há
muito deixaram de ser adversários.
Note-se que o período mais fértil
para tais inimigos lograrem desmoralizá-lo e inflarem o anti-Lula da vez foi
entre 2008 e 2009, quando o desemprego aumentou e a renda das famílias sofreu
alguma queda devido à crise internacional.
Todavia, nem quando aquele
período crítico lambeu a condição de vida dos brasileiros Lula sofreu perda de
popularidade. Isso ocorreu porque ficou claro para a sociedade que o que
ocorria era conjuntural e que o governo saberia reverter a situação, como de
fato reverteu.
E é claro que as medidas
populares que Dilma vem tomando, como reduzir os juros, o preço da energia
elétrica, os impostos da cesta básica e tudo mais que vem fazendo em benefício
da população, ajudam a aumentar ainda mais a aprovação da presidente.
Assim, ao menos mais da metade do
eleitorado brasileiro está convencido de que a dita “grande imprensa” é inimiga
de Lula e Dilma e aliada de seus opositores e, por conta disso, não leva em
conta seus ataques a eles.
Não é pouca coisa que em plena
tempestade de “notícias ruins” exageradas ou inventadas que a mídia
oposicionista tenta contrapor à realidade concomitantemente com a glamourização
de possíveis adversários de Dilma no ano que vem, que ela e Lula apareçam como
virtualmente eleitos em primeiro turno naquele pleito.
E o que é mais: os adversários
dos petistas que vêm sendo incensados por esses veículos – quais sejam, Marina
Silva, Eduardo Campos e Aécio Neves, sem falar do imorredouro amor midiático
por José Serra, que já virou obsessão – em vez de se beneficiarem da artilharia
midiática antipetista, perderam votos.
O fato, portanto, é que uma
crescente maioria dos brasileiros sabe direitinho que há em curso uma
conspiração dos mais ricos contra os avanços sociais que a maioria empobrecida
ou remediada vem experimentando.
É óbvio que não se pode cantar
vitória antes do tempo, até porque golpes de última hora continuarão sendo
engendrados até o fechamento das urnas em 2014. Contudo, está claro que a
estratégia de inventar uma realidade sobre o país ou difamar Lula e Dilma, não
vai funcionar.
Mas a pior notícia para a
oposição vem agora: só como exercício, venho tentando engendrar uma estratégia
mais inteligente contra os petistas e a conclusão a que chego é a de que a
estratégia em curso é a única possível, a despeito de seus defeitos insanáveis.
* Eduardo Guimarães do Blog Da Cidadania
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