É a grande chance de colocarmos o
nosso engavetador-geral da República e perseguidor da 'oposição sem rumo'. Um
bom nome pode levar o Mensalão do PSDB a ser julgado e, melhor, em plena
campanha no ano de 2014.
MINISTÉRIO PÚBLICO
MPF inicia disputa por vaga de Gurgel
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Diogo Abreu |
Debate na próxima semana marca
fase decisiva da campanha pela sucessão na chefia da Procuradoria-Geral da
República. Votação para lista tríplice ocorre em 17 de abril
A mais intensa campanha já
realizada para o cargo de procurador-geral da República vai entrar em sua fase
decisiva na semana que vem, quando será realizado o primeiro de cinco debates
entre os quatro candidatos à sucessão do atual chefe do Ministério Público
Federal (MPF), Roberto Gurgel. A votação da lista tríplice, que será enviada à
presidente Dilma Rousseff, se realizará em 17 de abril, mas os concorrentes já
lançaram mão de estratégias de comunicação e do corpo a corpo para conquistar
os votos dos cerca de 1,3 mil filiados à Associação Nacional dos Procuradores
da República (ANPR).
Os quatro concorrentes — Deborah
Duprat, Ela Wiecko, Rodrigo Janot e Sandra Cureau —criaram sites e têm usado a
rede interna de comunicação entre membros da carreira para difundirem
propostas. O debate marcado para a próxima terça-feira, em Brasília, vai dar o
termômetro inicial da disputa — outros quatro serão realizados. Entre os nomes
na disputa, somente um ficará de fora da lista. No entanto, a luta de cada um é
para ser o primeiro, pois nas cinco últimas votações o mais bem colocado foi o
escolhido do chefe do Poder Executivo para comandar a Procuradoria Geral da
República (PGR).
Apontado por colegas como o
responsável por profissionalizar a campanha para a sucessão de Gurgel, Rodrigo
Janot admitiu ter entrado “de cabeça” na corrida para vencer a eleição e
defendeu que todos tratem a votação da ANPR como a disputa de fato pelo cargo
de procurador-geral. “Ou a gente acredita nessa lista ou chuta essa lista para
o lixo. Eu acredito nessa lista, caí de cabeça na campanha,” disse Janot ao
Correio.
Rodrigo Janot contratou uma
empresa para conduzir suas estratégias de campanha. Tirou licença-prêmio de um
mês e tem viajado para pedir voto. Janot disse que conta com a colaboração de
amigos que cede milhagens de companhias aéreas e que tira do próprio bolso as
despesas de hospedagem e assessoria. Antigo aliado de Gurgel, ele adota
discurso de oposição desde o começo da campanha, criticando o “estilo
centralizador” do atual procurador-geral.
Vídeo
Ao contrário de Janot, as três
candidatas mulheres não pediram licença. A vice-procuradora-geral da República,
Deborah Duprat, gravou um vídeo de quase nove minutos, no qual aborda assuntos
de interesse da carreira. “Uma das razões desse vídeo é a impossibilidade de eu
estar nas várias unidades conversando pessoalmente com os colegas e me
submetendo aos debates. Tenho uma agenda extensíssima e um volume enorme de
trabalho por conta do meu cargo”, destaca na abertura do vídeo. Em um trecho,
ela promete que, se escolhida para o cargo, não vai centralizar o poder.
Os candidatos também apresentaram
programas de gestão. Na página principal de seu site, a vice-procuradora-geral
Eleitoral, Sandra Cureau, divulga ponto a ponto o “Programa para a Procuradoria
Geral da República” e promete mudanças. Em um texto denominado de “carta aos
colegas”, Sandra garante que vai trabalhar por melhorias para os procuradores.
“Tenham a mais absoluta certeza de que, como sempre fiz, trabalharei
incansavelmente pelo aprimoramento da nossa instituição, especialmente neste
importante momento que vivemos, quando nossas prerrogativas institucionais
estão em risco, nossa remuneração está francamente defasada, e tantos outros
problemas nos afligem.”
Já a ouvidora-geral do MPF, Ela
Wiecko, criou até um slogan de campanha, usando a hashtag #elavocênós. Também
divulgou três vídeos e publicou uma lista de sete compromissos, como a
ampliação da interlocução direta com o Executivo, o Judiciário e o Legislativo.
“Nestes últimos dias, percebi que preciso entrar nessa briga para defender
nosso estatuto constitucional e legal, bem como para assegurar remuneração
condigna com nossas responsabilidades”, destaca Ela Wiecko, no texto no qual se
apresenta como candidata.
Quatro por três
Confira quem são os quatro
concorrentes que querem estar na lista tríplice para a sucessão de Roberto
Gurgel:
Memória
Tradição desde Lula Desde 2001,
Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) elege três integrantes
da carreira e envia a relação com os nomes para o presidente da República. Na
primeira vez em que a lista tríplice foi encaminhada para o Palácio do
Planalto, o então presidente Fernando Henrique Cardoso ignorou a sugestão da
categoria, ao reconduzir Geraldo Brindeiro para um mandato de mais dois anos.
Embora o chefe do Poder Executivo
tenha liberdade para nomear quem quiser, desde que da carreira do Ministério
Público e com idade superior a 35 anos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva contemplou a lista da ANPR nas quatro nomeações feitas ao longo de seus
dois mandatos. Em 2003, Cláudio Fonteles foi o mais votado pelos procuradores e
acabou escolhido por Lula para comandar a Procuradoria-Geral da República
(PGR).
Lula nomeou Antonio Fernando de
Souza, em 2005 e 2007, e Roberto Gurgel, em 2009 — sempre os primeiros da
lista. Há dois anos, a presidente Dilma Rousseff também contemplou a lista
tríplice, ao nomear Roberto Gurgel.
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