*A Guerra Fria na América Latina
atingiu seu auge naquela época, quando os exércitos deixaram em segundo plano
os inimigos além das fronteiras para combater inimigos internos. Esta ideia foi
desenvolvida pelos EUA na Escola das Américas e disseminada pelas Escolas
Nacionais de Guerra em países sul-americanos, através da "Doutrina de
Segurança Nacional", com o apoio de serviços secretos no modelo da CIA. A
população ficou dividida entre aqueles que apoiavam as ditaduras militares e os
que se opunham, taxados de comunistas e subversivos, acusados de ter como
objetivo conquistar país por país através de guerras revolucionárias. Como conseqüência,
não se fazia distinção entre aqueles que meramente criticavam os regimes e os
que pegavam em armas. Toda uma geração
de líderes e intelectuais foi então dizimada. Partidos políticos, sindicatos,
organizações estudantis e organizações de direitos humanos foram banidas e
perseguidas.
Há fortes indícios de que essa
ação conjunta entre os governos do Cone Sul contou não apenas com o
conhecimento, mas também com o apoio do governo norte-americano, como
demonstram documentos secretos divulgados pelo Departamento de Estado em 2001.
Em 1992, foi comprovada, através
de documentos encontrados no Paraguai, a existência de um acordo costurado por
todos os países do Cone Sul com o intento de facilitar a cooperação na
repressão aos grupos e indivíduos opositores dos regimes militares que então
governavam o Cone Sul. A operação, que começou como uma troca de informações
entre os diversos países e a colaboração entre suas polícias secretas, passou
aos poucos a envolver níveis mais altos de violência e desrespeito aos direitos
humanos, com a troca de presos políticos, sequestros e assassinatos.
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