Seu secretário particular, o advogado Ricardo Salles, é fundador do Movimento Endireita Brasil (MEB), já deu declarações apoiando a versão dos militares sobre o golpe e chegou a questionar a existência de crimes cometidos pelas Forças Armadas na ditadura - no ano passado Salles participou de evento no Clube Militar, no Rio, denominado "1964 - A verdade".
Salles, fundador do Movimento
Endireita Brasil (MEB), já deu declarações apoiando a versão dos militares
sobre o golpe e chegou a questionar a existência de crimes cometidos pelas
Forças
Armadas na ditadura - no ano
passado Salles participou de evento no Clube Militar, no Rio, denominado
"1964 - A verdade".
"Só o lado de lá fala e
quando o nosso lado fala, se limita a negar os fatos. Acho que deveríamos ter
uma postura mais ativa, até porque a punibilidade penal dos fatos, a partir de
uma certa idade, não existe mais. Não vamos ver generais e coronéis, acima dos
80 anos, presos por causa dos crimes de 64. Se é que esses crimes
ocorreram", disse Salles durante a palestra em que o golpe militar foi
chamado de "movimento de 31 de março". "Ou seja, pode dizer à
vontade. Não vai acontecer nada. Só vai dar credibilidade maior para a nossa
visão dos fatos."
Em 2009, numa entrevista ao
jornal Valor Econômico, Salles defendeu o golpe militar tendo em vista o
contexto social da época. "Quando a população exigiu a intervenção dos
militares, tivemos um regime militar de direita que visava evitar que nós caíssemos
numa ditadura de esquerda de base sindical como era aquela de João
Goulart", disse.
Século XXI. Ontem, ao lado de
ex-presos políticos que sofreram torturas, como Ivan Seixas e Sérgio Gomes, ele
afirmou que via com bons olhos a divulgação na internet dos prontuários do
Dops. "Estamos no século 21, temos que dar transparência aos
documentos", afirmou.
Em seu discurso, Alckmin destacou
a importância da divulgação de documentos da ditadura militar. "Apolítica
de direitos humanos deve ser uma política de Estado, acima de qualquer
partido", afirmou o governador.
"Terrorista"
Salles concorreu a deputado federal
em 2006, pelo extinto PFL, e a deputado estadual em 2010 pelo DEM, quando
obteve 26.552 votos. No material de sua última campanha, elencava argumentos
contra, entre outros pontos, o Programa Nacional de Direitos Humanos-3 e a
"farra dos anistiados políticos".
Na página do MEB no Facebook, a
presidente Dilma Rousseff é chamada de "terrorista" e a Comissão da
Verdade, de "comissão da vingança". "Comissão da Verdade ou
Comissão da Vingança? Projeto do governo viola Lei da Anistia e quer contar a
história de um lado só", afirma o texto do movimento.
Quando foi nomeado pelo
governador em março deste ano, Salles foi chamado para uma conversa com
secretários de Alckmin durante a qual foi alertado de que deveria tomar cuidado
com suas posições pessoais para que não fossem confundidas com a opinião do
governo.
Ele mantinha um site pessoal, no
qual já havia postado opiniões contra o casamento gay e contra o Movimento dos
Sem-Terra (MST). O advogado retirou o conteúdo do ar logo depois da sua
nomeação como secretário particular do governador.
Colaborou Julia Dualibi.
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