| Professor da Unicamp falou em palestra no Sindicato dos Engenheiros em São Paulo |
Para presidente da Fundação
Perseu Abramo, sistema brasileiro se baseia em visão de sociedade
urbano-industrial em declínio
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| por Eduardo Maretti |
São Paulo – O presidente da
Fundação Perseu Abramo, Marcio Pochmann, disse hoje (24) que o Brasil precisa
repensar seu modelo de educação. Segundo ele, com o declínio da participação da
indústria no mercado de trabalho e o avanço do setor de serviços, impulsionado
pelo desenvolvimento incessante de novas tecnologias, a educação tal como
existe tornou-se obsoleta. A declaração foi feita na palestra “As profissões e
as perspectivas do trabalho”, promovida pela Confederação Nacional dos
Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU), no Sindicato dos
Engenheiros no Estado de São Paulo.
“Há hoje uma outra organização
social. A indústria tende a ocupar cada vez menos mão de obra. Antes as pessoas
exerciam a carreira na sociedade urbano-industrial por 30, 35 anos. Isso não é
mais verdade”, afirmou. Para Pochmann, “os jovens hoje se identificam com
várias experiências até se definir por uma carreira, sem necessariamente
precisar de carteira assinada”.
O mercado de trabalho do jovem do
início do século 21 "é de serviços, imaterial, que não gera algo
palpável". Segundo Pochmann, a interação com esse mercado exige cada vez
mais conhecimento, pois é associado a tecnologias de informação.
Nessa conjuntura, o modelo de
sociedade obrigará a se pensar um modelo de universidade que permita aos
cidadãos continuar estudando ao longo da vida. “Nosso modelo de ensino superior
é organizado de acordo com o passado, numa época em que a sociedade era baseada
em uma organização urbano-industrial”. Outro problema do modelo atual é que o
jovem se depara, fora da escola ou faculdade, com um universo de conhecimento,
principalmente tecnológico, que a sala de aula não oferece. "Como fazer da
educação algo atrativo e estimulante? É preciso repensar especialmente uma visão
de educação que não seja só para o trabalho", apontou.
A maneira pela qual as profissões
são encaradas no modelo social atual, que privilegia a especialização, também
se torna rapidamente ultrapassada. “Estamos no reino das especializações. O
especialista sabe cada vez mais de menos, ou de coisa nenhuma. Não sou contra
especialização. Mas é preciso ter uma visão mais holística, do todo”, disse
Pochmann. “Não podemos chegar a uma situação em que um médico só entenda do
olho direito”, brincou.

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