Joaquim Barbosa, armandinho que
não aprendeu a chutar no gol
'Crítico-geral da República', Barbosa acumula desafetosDeclarações desabonadoras do presidente do Supremo acabam atingindo os Três Poderes
Bancos, partidos políticos,
parlamentares, juízes, associações de classe, advogados, imprensa e os colegas
de tribunal. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa,
espargiu, em seis meses de mandato, críticas a várias instituições. Recebeu apoio
em algumas dessas críticas, mas, ao mesmo tempo, coleciona notas de desagravo,
embates em plenário e censuras, mesmo que reservadas, de colegas do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ) e de ministros do Supremo.
De novembro, quando assumiu a
presidência do tribunal e do Conselho Nacional de Justiça, até agora, perguntou
jocosamente se os advogados não acordam apenas às 11h da manhã, afirmou que
bancos são lenientes ao combater a lavagem de dinheiro, disse que associações
juízes agiram de forma sorrateira ao apoiar a criação de novos tribunais
federais e reclamou que os grandes jornais brasileiros são conservadores. Isso
sem falar na última estocada ao Congresso e aos partidos políticos "de
mentirinha".
Em resposta, coleciona notas de
associações da magistratura e da advocacia, e críticas de parlamentares. São
adjetivos como "preconceituoso", "generalista",
"superficial" e "desrespeitoso", ou afirmações de que
"não tem apreço pela democracia brasileira", "não tem
equilíbrio", "não tem condições de presidir o Supremo".
Reservadamente, um dos colegas
disse que Joaquim Barbosa quer ser a "palmatória do mundo". No CNJ,
conselheiros afirmam que as críticas do presidente não deixam transparecer as
dificuldades de sua gestão.
Alguns programas, como a Estratégia
Nacional de Segurança Pública, que visa a combater a impunidade nos casos de
homicídio, estão em marcha lenta.
Os atritos com o Congresso e o
centralismo de suas decisões o deixaram à margem da tramitação de propostas do
interesse do Judiciário. Ele mesmo reclamou que não sabia do projeto que criava
três novos tribunais no País. Com isso, outros ministros têm ocupado o espaço
por ele deixado. Integrantes do governo mantêm diálogo direto, por exemplo, com
Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski.
Retrospecto. "Temos partidos
de mentirinha. Nós não nos identificamos com partidos que nos representam no
Congresso, nem tampouco esses partidos e seus líderes têm interesse em ter
consistência programática ou ideológica. Querem o poder pelo poder", disse
Barbosa em palestra, na última segunda-feira. E estendeu as críticas ao
Legislativo.
"O Congresso é inteiramente
dominado pelo Poder Executivo. As maiorias, as lideranças do Executivo que
operam fazem com que a deliberação prioritária do Congresso seja sobre matérias
do interesse do Executivo", acrescentou.
As reações foram imediatas e
partiram dos presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Barbosa tentou amenizar as críticas, dizendo
que falava como professor, mas não conseguiu. Até porque este não era seu
primeiro ataque ao Parlamento.
'Interna corporis'. Ao longo do
julgamento do mensalão, acusou o colega, Ricardo Lewandowski, de ser advogado
de defesa dos réus e protagonizou discussões com outros colegas. E voltou suas
críticas para a própria Corte.
"Cada país tem o modelo e o
tipo de Justiça que merece. Justiça que se deixa agredir, se deixa ameaçar por
uma guilda ou membro de determinada guilda, já sabe qual é o fim que lhe é
reservado. (...) Lamento que nós, como brasileiros, tenhamos que carregar ainda
certas taras antropológicas como essa do bacharelismo", afirmou o
"crítico-geral da Nação".
Nenhum comentário:
Postar um comentário