
Pré-candidato do PSOL à
presidência da República em 2014, como “candidato da ética”, o senador Randolfe
Rodrigues é denunciado por ter recebido mesada de R$ 20 mil durante seis meses
como deputado estadual do Amapá justamente pelo parlamentar que presidia a
Assembleia, e que também recebeu os recursos no governo do hoje senador João
Capiberibe (PSB-AP)
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| postado inicialmente no Br 24/7 |
A carreira do senador Randolfe
Rodrigues (PSOL-AP) como “mosqueteiro da ética”, num lugar que já foi do
ex-senador Demóstenes Torres, pode estar chegando ao fim. Neste papel, que
constuma gerar alguns segundos de fama, Randolfe alimentava até a esperança de
disputar a presidência da República, em 2014. Mas antes ele terá de explicar um
mensalão, muito bem documentado.
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| Denúncias e recibo apontam que Randolfe Rodrigues (PSOL) recebia mensalão no Amapá (Foto: aBr) |
Antes de ser senador, eleito em
2010 pelo Amapá, Randolfe foi deputado estadual em Macapá, ajudando a dar
sustentação ao governo de João Capiberibe (PSB-AB), que também se elegeu para o
Senado na última eleição. Ambos foram recentemente denunciados à Comissão de
Ética do Senado Federal pelo ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado
do Amapá, Fran Soares Nascimento Junior, numa peça gravíssiva. Fran acusa
Capiberibe de ter pago, durante seis meses, um mensalão de R$ 20 mil/mês a
vários parlamentares, para garantir a sustentação de seu governo. Diz que ele
próprio recebeu os recursos e afirma que Randolfe Rodrigues também colocou no
bolso o dinheiro ilegal. Mais: Fran diz ainda que Randolfe chegou até a assinar
recibos, que ele apresenta na denúncia.
Tais recursos faziam muita
diferença para os parlamentares estaduais, uma vez que o salário de um deputado
no Amapá, naquele momento, era de R$ 5.274,87. Randolfe elevou em R$ 20 mil
seus rendimentos, de forma ilegal, nos meses de julho a dezembro de 1999. Na
denúncia, Fran apresenta também gravações, em que o ex-governador Capiberibe
fala claramente que “vinte mil fica com o deputado”. Graças a este mensalão,
Capiberibe conseguiu cooptar a Assembleia, que lhe fazia oposição e aprovou
suas contas. Naquele ano, o relator que garantiu essa aprovação foi justamente
Randolfe Rodrigues.
A denúncia, enviada pelo deputado
Fran ao conselho de ética do Senado Federal, foi apenas encaminhada pela casa
ao lugar de direito, que é a Procuradoria-Geral da República, de Roberto
Gurgel. No entanto, ao noticiar, nesta manhã, o caso, a Folha de S. Paulo
protege Randolfe e acusa o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de
enviar à PGR uma denúncia contra seus desafetos (leia mais aqui).
Quem tem que se explicar, agora,
são os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e João Capiberibe (PSB-AP). Ambos
são apontados na denúncia do deputado Fran Nascimento como integrantes de uma
quadrilha que sonegou impostos, cometeu os crimes de corrupção ativa e passiva,
prevaricação, peculato, quebra de decoro parlamentar e, claro, formação de
quadrilha.
Ao contrário da denúncia
encaminhada por Gurgel na Ação Penal 470, o mensalão do Amapá é extremamente
bem documentado. No comprovante de pagamento, Randolfe Rodrigues atesta que recebeu
da Assembléia o valor complementar ao seu salário, que não tinha nenhuma
previsão legal. Ou seja: é um caso de cooptação de parlamentares, com recibo.
Randolfe se diz vítima de
intimidação
O senador Randolfe Rodrigues
(PSOL-AP) diz que são falsas as acusações de que ele teria recebido um
“mensalão” de R$ 20 mil durante seis meses em 1999 e 2000. O autor da ação, que
foi encaminhada à Procuradoria-Geral da República pelo presidente do Senado, é
o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Amapá Fran Júnior. Segundo ele, o
dinheiro foi pago pelo então governador João Capiberibe (hoje senador) em troca
de apoio político e o ex-governador também teria sido beneficiado.
Para Randolfe, trata-se de uma
“clara tentativa de intimidação” ao seu trabalho contra o grupo que foi
denunciado na CPI do Narcotráfico, do Senado. De acordo com Randolfe, o
ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado Moisés Souza, afastado em
2012, foi um dos denunciados pela CPI por envolvimento no crime organizado,
tráfico de drogas e corrupção ativa. Hoje deputado estadual, tem o gabinete
chefiado por Fran Júnior.
“A ação de Fran Júnior é uma
clara tentativa de intimidação ao trabalho do Senador Randolfe, que foi um dos
principais defensores do trabalho do Ministério Público no desbaratamento desse
grupo que por anos desviou recursos dos cofres públicos do Amapá”, informa nota
encaminhada pela assessoria de imprensa do parlamentar. “Essas falsas denúncias
são um salvo-conduto para impedir nossa atuação”, acrescentou o senador.


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