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Patrícia Benvenuti |
A má distribuição de recursos publicitários nos meios de
comunicação do país não se restringe aos anunciantes privados. Em abril, a
Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) divulgou novos
dados a respeito da distribuição de verbas federais.
De acordo com as informações
oficiais, a televisão ainda é o meio que mais recebe recursos. Em 2012, o setor
recebeu 62% do total de verbas federais.
A TV Globo também aparece como
principal beneficiada dentre todos os veículos. No ano passado, a emissora
recebeu 43% do total destinado à televisão, o equivalente a R$ 495 milhões.
Desde 2000, a
Globo soma R$ 5,9 bilhões em publicidades estatais federais (veja mais dados no
infográfico abaixo).
A publicação dos dados gerou
críticas de militantes do direito à comunicação, que condenaram o montante de
recursos destinados às maiores empresas de comunicação. Em resposta, o
secretário-executivo da Secom, Roberto Bocorny Messias, justificou que a
secretaria utiliza "critérios técnicos de mídia" para repartir os
recursos. "Se a publicidade de governo tem como objetivo primordial fazer
chegar sua mensagem ao maior número possível de brasileiros e de brasileiras, a
audiência de cada veículo tem que ser o balizador de negociação e de
distribuição de investimentos", afirmou Messias em artigo publicado no
portal Observatório da Imprensa.
Maus critérios
O professor aposentado da
Universidade de Brasília (UnB) Venício Artur de Lima, porém, critica os
parâmetros adotados pela Secom. Ao eleger a audiência como principal critério,
a consequência é a manutenção do monopólio dos meios de comunicação. "Um
empresário pequeno ou médio não tem nem condições de competir com o que os grandes
grupos recebem [de publicidade]", destaca.
Para o presidente da Associação
Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação (Altercom) e editor da
Revista Fórum, Renato Rovai, a distribuição das publicidades estatais deve
levar em conta outros critérios, como a qualidade da programação. "Deveria
ter um critério de qualidade para onde as publicidades governamentais deveriam
ir. Isso poderia ser feito pela sociedade em conselhos", propõe.
Rovai defende ainda que a própria
sociedade decida sobre a questão das verbas públicas para anúncios. "Esse
é um debate para se fazer, se o governo deve ou não fazer publicidade ou se a
informação deve ser de caráter público. Porque, do jeito que está, é melhor que
se acabe [com a publicidade estatal]", opina.
A Altercom reivindica que 30% das
verbas publicitárias sejam dirigidas às pequenas empresas. Segundo a entidade,
além de fortalecer os meios alternativos de comunicação, a medida estimulará
outros negócios no setor como agências publicitárias, produtoras de vídeo e
assessorias de imprensa.
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