domingo, 26 de abril de 2015

PSOL: FUTURO E PASSADO


por:José Luiz Ribeiro da Silva (Jluizribeiro1@gmail.com)
Fundado por antigos militantes do PT, o PSOL – Partido do Socialismo e Liberdade – destaca-se pela busca radical da ética em sua prática político-partidária, assim como o partido dos trabalhadores, em sua gênese, um dia tentou.
Em sua prática diária na fundação de núcleos e sedes o PSOL optou pelo antigo modelo do partido dos trabalhadores: uma sede central e núcleos de interesses. Esta formatação propiciava ao PT, no século passado, um modelo vertical de administração e ao mesmo tempo uma dinâmica democrática interna, onde os diversos setores interagiam de acordo com as possibilidades e ativismo de cada um.
Nestes tempos áureos, o PT surfava tranqüilo entre os movimentos sociais e possuía aliados de peso como a CUT e o MST.
Cabe lembrar que essa ligação umbilical entre Partido e Movimento Social era uma característica típica dos movimentos de esquerda da época.  E de onde saíram uma gama boa de parlamentares.
Grandes lideranças formadas nas lutas sociais e sindicais foram ungidas pelos partidos de esquerda – PT principalmente – e tornaram-se lideranças partidárias e parlamentares de respeito, em sua maioria.
Esta aliança entre movimentos sociais e partido político foi muito profícua e legítima graças às condições objetivas da época.
Na contemporaneidade de nossas vidas, estes movimentos e tantos outros estão dispersos em suas pautas específicas e lutam por ela independente de interesses desse ou daquele partido.  São os afro-descendentes, os LGBTs, a Marcha das Vadias, o Movimento Passe livre, os jovens das periferias que através da música e de seus grupos periféricos interagem e solicitam demandas do poder publico, e outros tantos.
Neste contexto, ainda persiste no PSOL um modelo administrativo/partidário herdado do ptismo, caracterizado por uma sede central localizada no centro das cidades e núcleos paralelos, mas que ao final de uma jornada refugiam-se nele a fim de redigir propostas.
Típico dessa composição, as estruturas e manutenção, tanto da sede central como dos núcleos que a ele se integram, são mantidas financeiramente graças a um fundo partidário pequeno e por contribuições ínfimas de seus filiados.  Além e principalmente, de um desprendimento quase heróico de seus membros gestores, a direção, etc.., que lutam diariamente  para manter esta estrutura funcionando.
Ocorre que  atualmente e que graças a essas condições objetivas conduzidas pelo capital ínfimo de contribuições, pouco se faz em termos práticos de avanços na sociedade, na sua inserção e mobilização.
Vez por outra, algumas lideranças despontam, apesar das dificuldades e conseguem emplacar como parlamentares e então passam a manter, através de seu “dízimo partidário” a sede e as necessidades locais.
Seria louvável se assim o fosse, mas, na realidade,  com o passar do tempo essas lideranças, até como conseqüência de sua relevância, passam a ser os únicos protagonistas da vida partidária, determinando ao partido caminhos a serem tomados e estratégias a serem seguidas. O Partido dá lugar ao filiado e passa a ser dele apêndice e comitê eleitoral. Todas as ações são voltadas a ele e por ele.
Abrem-se cisões de prós e contras a esta liderança, e todo o projeto partidário se vê enfraquecido.
Nosso partido  - o PSOL - é jovem e feito basicamente por jovens em sua base, muitos deles oriundos da classe média, mas com grande ímpeto e desprendimento, além de boa formação intelectual, mas muitos, receio, com pouca prática de militância real e inserção dentro dos movimentos sociais.
A proposta desse arrazoado, é que o Partido intervenha diretamente junto a bairros com determinado perfil – não um núcleo – mas toda a sede se desloque do centro para a periferia, e que leve seus militantes junto e que ambos interajam nessa comunidade “eleita” e, através de serviços comunitários, formações de ONGS ou afins, seus militantes tenham a oportunidade de ser protagonistas de mudanças e não apenas estudiosos dela.
Deve-se buscar nesta prática de inserção, uma maior interação militante-sociedade, com o objetivo de formar novas e muitas lideranças a partir do contato diário dos membros com a comunidade a qual estiver inserida e dessa forma, com as experiências adquiridas, se avance a outros bairros ou comunidades com mais vigor e segurança. Propiciando ao Partido e a seus membros, por meio das multiplicidades geridas pela prática cotidiana, não incorrer no futuro aos erros de partidos de esquerda que se transformaram em apêndice de um Partido maior e mais rico financeiramente, mas que aos poucos foram se distanciando da população quanto mais se aproximavam de Brasília.

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