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Kiko Nogueira |
(O nosso leitor Leonardo Tribst
falou do amontoado de chavões e citou, adequadamente, o historiador americano
Howard Zinn: “A desobediência civil não é algo fora do domínio da democracia;
democracia não existe sem desobediência civil.”)
Logo surgiu um boato de que
artistas e jornalistas do SBT haviam preparado um abaixo-assinado: “Rachel
Sheherazade não nos representa”. Nem ela e nem o canal confirmaram a existência
do documento. “Não fui admitida nem mesmo para reverberar a opinião do dono da
emissora. Muito pelo contrário”, disse para o UOL. “Pediram-me, simplesmente,
que emitisse minhas próprias opiniões. Falasse sobre o que quisesse, com total
liberdade”.
Rachel passou a ser saudada (e
malhada) como “a nova musa do conservadorismo brasileiro”. Uma espécie de Boris
Casoy de calças. Ela fez questão de afirmar que não é “precursora do jornalismo
opinativo” e citou os colegas que, antes dela, abriram “o espaço para esse
jornalismo vivo e apaixonante que posso praticar hoje” — Boris, Arnaldo Jabor,
Reinaldo Azevedo.
Mas é um exagero chamá-la de
conservadora no sentido ideológico. Ela não sai da superfície. É conservadora
nos, vá lá, costumes. Não é a versão nacional de Ann Coulter, a advogada,
colunista, escritora e apresentadora americana, republicana fervorosa, loira,
alta, que causou furor, há alguns anos, com suas posições antiaborto, antigays,
antiárabes etc. Coulter passa da linha com frequência, mas é uma provocadora,
eventualmente, brilhante. “Seríamos um país melhor se as mulheres não
votassem”, disse uma ocasião. Ainda não foi desta vez, rapazes.
Rachel talvez seja, isso sim, a
nova cara do que se poderia chamar de jornalismo evangélico. Aos 40 anos,
natural da Paraíba, casada, dois filhos, bonita e articulada, ela se declara,
no Twitter, “muito grata a Deus por tudo o que ele me deu”. Distribui améns,
bênçãos. Sua agenda não é diferente da de Marco Feliciano e Silas Malafaia.
Foi para o SBT depois de uma
diatribe numa tevê paraibana contra o carnaval, em 2011. O vídeo foi postado no
YouTube e estourou. Desde então, já bateu na defesa do Conselho Federal de
Medicina à causa do aborto, na descriminalização das drogas, na igreja
católica, na descriminalização do adultério, no desarmamento, na igualdade de
direitos para as mulheres. Também discordou de uma reportagem que seu próprio
jornal realizou sobre a adoção de cinco crianças de Monte Santo, Bahia, que
sofriam maus tratos dos pais.
Acusou os “laicistas” (os mesmos
que usou para defender Feliciano) de intolerância quando um projeto de lei quis
retirar a frase “Deus seja louvado” das cédulas de real. “Liberdade, igualdade,
honestidade, respeito, justiça… São todos princípios do cristianismo, o mesmo
que vem sofrendo perseguição dos ditos ‘defensores do Estado laico’. É, no
mínimo, uma ingratidão à doutrina que inspirou nossa cultura, nossos valores,
nossa tradição e, até mesmo, a nossa própria Constituição Federal, promulgada
‘sob a proteção de Deus’. A Carta Magna será, certamente, o próximo alvo dos
laicistas”.
Rachel Sheherazade não é só um rostinho bonito. Ela pode até ser o sonho do PIB, o Perfeito Idiota Brasileiro. Mas ele terá de conversar com o bispo primeiro. Em todo caso, como diz o livro dos Provérbios, capítulo 31, versículo 30, “enganosa é a beleza e vã a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa sim será louvada”.
Salve salve Rachel Sheherazade! O problema São pessoas mediana profissionalmente q se incomodam com o brilhante profissionalismo da moça. Espero q fique tranquila, não faltarão propostas na concorrência casa saia do SBT.
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