05/04/2013
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| RENATO ROVAI |
Provocada pelo representante do
MST, a presidenta Dilma calou-se sobre a ação orquestrada sofrida por vários
blogueiros pelos meios de comunicação tradicional (vulgo PIG). Há um ditado que
diz que quem cala concente. Mas, na prática neste caso quem cala concede ao
lado mais poderoso o poder de continuar agindo da mesma forma. A presidente
perdeu a oportunidade de dizer, por exemplo, que o recurso judicial é sempre
legítimo, mas que ela, por exemplo, em respeito a liberdade de expressão não o
utiliza contra veículos que a criticam. E não são poucos. As vezes, inclusive,
de forma muito desrespeitosa. Por isso, lamenta que esse expediente esteja
sendo utilizado por veículos de comunicação e por jornalistas contra colegas de
profissão. Mas que essa é uma decisão pessoal e de fórum intimo. Mas ela não
disse isso. E perdeu a oportunidade de colocar uma importante reflexão para a
sociedade brasileira. Provavelmente isso tem relação com o fato de estar
assessorada por gente que prefere o lado de lá do que o lado de cá. A Globo e a
Veja são hoje mais bem tratadas pelo governo do que a mídia livre e
alternativa. No debate da democratização da comunicação, Dilma escolheu seu
lado.
MST denuncia perseguição da
blogosfera progressista; Dilma não responde
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| (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR) |
Da Página do MST
As organizações que realizam uma
jornada da juventude brasileira por mudanças estruturais na sociedade
brasileira fizeram uma audiência com a presidenta Dilma Rousseff, na tarde
desta quinta-feira (4/4), no Palácio do Planalto.
Na audiência, o coordenador do
Coletivo de Juventude do MST, Raul Amorim, cobrou a apresentação do projeto com
o marco regulatório dos meios de comunicação e denunciou as ameaças a
jornalistas independentes, citando o exemplo da condenação a pagamento de multa
pelo jornalista Luiz Carlos Azenha, em processo movido pelo diretor das
Organizações Globo, Ali Kamel.
“Está em curso um processo de
criminalização de jornalistas independentes a partir de ações da grande mídia
no Poder Judiciário, como é o caso do Luiz Carlos Azenha”, disse Amorim à
presidenta.
O coordenador da juventude do MST
pediu que o governo encaminhe as deliberações aprovadas na 1ª Conferência
Nacional de Comunicação (Confecom), realizada em 2009, para que seja respeitado
o direito à manifestação do pensamento, à expressão e à informação, como
garante a Constituição.
Amorim defendeu a implementação
de políticas públicas voltadas para a mídia alternativa, de forma a garantir um
sistema de comunicação que represente a pluralidade da sociedade.
A presidenta Dilma não respondeu
as propostas e preocupações, mas disse que a internet é um espaço
democratizador, que deve chegar a todos os brasileiros por meio da
implementação do Plano Nacional de Banda Larga.
Os jovens defenderam também a
prorrogação das investigações por mais dois anos, maior transparência na
divulgação dos relatórios e criação de um processo de participação popular mais
amplo por meio de audiências públicas.
“Nenhum dos relatórios realizados
até agora foram apresentados para a sociedade. Não há transparência alguma. Não
dá para se ter justiça sem que haja o envolvimento da sociedade civil nesse
processo”, disse Carla Bueno, do Levante.
A presidenta Dilma prometeu levar
à Comissão Nacional da Verdade (CNV) e aos ministérios envolvidos na discussão
a proposta de prorrogação das investigações.
Jornada
Os jovens dirigentes das
organizações brasileiras que promovem a Jornada Nacional da Juventude
Brasileira apresentaram a plataforma das manifestações à presidenta Dilma
Rousseff, em audiência realizada nesta sexta-feira (4/4), no Palácio do
Planalto.
A jornada organizada por mais de
40 entidades defende mudanças estruturais na sociedade brasileira, como o
financiamento público da educação para universalização da educação em todos os
níveis,o fim do extermínio da juventude nas grandes cidades, sobretudo negra, a
democratização dos meios de comunicação, garantia de trabalho decente, reforma
política democrática e a Reforma Agrária.
A jornada, que começou em 25 de
março, somará protestos em 16 capitais. Já foram realizadas manifestações em
São Paulo, Brasília, Minas Gerais, Paraná, Porto Alegre, Sergipe, Ceará,
Manaus, Piauí e Goiás.
A jornada é um marco histórico na
luta da juventude brasileira. Há um antes e depois dessa jornada. Isso demonstra
a importância da mobilização de rua, que as mudanças estruturais nesse país só
se dão com o povo na rua”, disse Raul Amorim, da Coordenação Nacional do
Coletivo de Juventude do MST.
“A reunião acontece no contexto
das nossas mobilizações. O principal fruto dessa processo foi levar às ruas
milhares de jovens e mostrar o protagonismo da juventude tanto nas pautas mais
amplas da sociedade quanto as que dizem respeito à juventude”, disse Carla
Bueno, do Levante Popular da Juventude.
Paulo Vinicius, secretário de
juventude da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), “os
temas da juventude são estratégicos para o desenvolvimento do país, dentro de
um contexto em que há 60 milhões de jovens que enfrentam variadas dificuldades”.
Para ele, a jornada demonstra a
distinção entre o papel do governo e o papel da sociedade, que tem o dever de
pressionar para avançar as mudanças. “Ficou evidente a necessidade do povo
brasileiro ir às ruas para mudar a realidade deste país. Temos que fazer nossas
lutas. A lutas da juventude tendem a crescer. Essa é a nossa tarefa”, acredita.
Educação
De acordo com Manuela Braga, da
União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), a educação tem um papel
fundamental para o desenvolvimento do país e para a superação da desigualdade.
Os estudantes cobraram de Dilma a
destinação de 10% do PIB, 50% do fundo social do pré-sal e 100% dos royalties
do petróleo exclusivamente para educação. Segundo Braga, a presidenta declarou
apoio à demanda, mas ponderou a necessidade de aprovação no Congresso Nacional
da Medida Provisória 592/12, que destina a receita dos royalties do petróleo e
recursos do Fundo Social do Pré-Sal para a educação.
Para que o país tenha soberania e
independência, é preciso uma reformulação da educação. Essa é uma luta do
trabalhador e do estudante do campo e da cidade. Isso possibilitará mudar em
profundidade o Brasil ”, disse Amorim, do MST.
Os jovens defenderam as cotas
raciais nas universidades públicas, mas colocaram à presidenta a preocupação em
relação às universidades estaduais, uma vez que parte delas ainda não
incorporou esse sistema.
“Muitas das universidades
estaduais trabalham numa lógica de exclusão, e não de inclusão. Levamos essa
questão à presidenta e esperamos que se faça algo para mudar esse fato”, disse
Braga.
Reforma Agrária
Amorim cobrou da presidenta o
assentamento imediato das 150 mil famílias acampadas e a ampliação do programa
de agroindústrias do governo federal. Ele denunciou também que, nos últimos 10
anos, 1 milhão de jovens saíram do campo brasileiro e migraram para a cidade.
Para o dirigente do MST, o êxodo
rural dos jovens é consequência da paralisação da Reforma Agrária e da lentidão
para a generalização de políticas de desenvolvimento da pequena agricultura.
“As políticas públicas para os jovens do campo são insuficientes”, disse.
A presidenta Dilma não respondeu
as colocações relacionadas ao meio rural.
Reforma política
Os jovens defenderam que o
governo federal trabalhe para fazer a reforma política, que garanta
financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais e a regulamentação do
artigo 14 da Constituição que trata da realização de referendos e plebiscitos
de iniciativa popular.
“Sem a reforma política, a
juventude fica fora do debate político, sendo que é 40% do eleitorado. Mulheres
e negros também são sub-representados”, disse Amorim. Para ele, as eleições no
Brasil são um “processo desleal”, já que quem tem mais dinheiro é beneficiado.
A presidenta disse que a reforma
política depende da mobilização da sociedade, para pressionar o Congresso
Nacional a aprovar a proposta de mudança.
QUEM PARTICIPA DA JORNADA
:
Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT);
Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG); Sindicato dos Professores do
Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP); Associação Cultural B; Centro
de Estudos Barão de Itararé; Confederação Nacional das Associações de Moradores
(CONAM); CONEM; Consulta Popular; ECOSURFI, Coletivo Nacional de Juventude
Enegrecer, Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (FEAB), Federação
Paulista de Skate, Fora do Eixo, Juventude da CTB, Juventude da CUT, Juventude
da Contag, Juventude do PSB, Juventude do PT, Juventude Pátria Livre; Levante
Popular da Juventude; Marcha Mundial das Mulheres; Movimento dos Trabalhadores
Sem Terra (MST); Nação Hip Hop Brasil; Pastoral da Juventude, Pastoral da
Juventude do Meio Popular (PJMP), Rede Ecumênica da Juventude (REJU); Rede da
Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade (REJUMA); União Brasileira dos
Estudantes Secundaristas (UBES); União Brasileira de Mulheres (UBM), União da
Juventude Socialistas (UJS); União Nacional dos Estudantes (UNE); Via Campesina.
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