Inquérito era para investigar verbas do governo destinadas à Rádio Arco-Íris, da família Neves
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| Amaury Ribeiro Jr e Rodrigo Lopes |
O ex-procurador-geral de Justiça
Alceu Torres Marques é acusado de engavetar uma investigação contra a presidente
do Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas), Andrea Neves, irmã do
ex-governador e atual senador Aécio Neves, aberta pelo promotor de Crimes
Contra o Patrimônio, João Medeiros.
Favorecimento
O inquérito era para investigar a
farra de verbas publicitárias do governo destinadas à Rádio Arco-Íris (São João
del-Rei), de propriedade da família Neves.
Segundo o deputado Rogério
Correia (PT), a rádio passou a monopolizar as verbas de publicidade após 2003,
quando Aécio virou governador.
“Vivemos uma ditadura no Estado.
Está todo mundo proibido de investigar as rádios ligadas à família Neves. O
procurador-geral sepultou sem explicar a investigação, a Assembleia não
responde a nenhum requerimento que envolva as rádios da família Neves”, disse o
deputado.
Apuração
A investigação foi motivada por
uma Land Rover registrada em nome da emissora que o senador dirigia quando foi
parado numa blitz da Lei Seca em 2012. Na ocasião, Aécio se recusou a fazer o teste
do bafômetro. De acordo com a Anatel, Andrea é sócia majoritária da emissora.
Até 2012, Inês Maria Neves, mãe de Aécio, constava como sócia minoritária.
“Temos informações da Anatel de que Inês já passou sua cota para o filho
Aécio”, diz Rogério Correia.
Manobra
O procurador avocou o processo
meses antes de deixar o cargo. Medeiros recorreu da decisão no Conselho
Nacional do Ministério Público – onde está o aliado Jarbas Soares Júnior –, que
indeferiu o pedido do promotor.
Sucessão
Antes de deixar o cargo, Alceu
não mediu esforços para emplacar o procurador André Mariani Bittencourt como
seu sucessor. Nos corredores do MP Estadual, promotores e procuradores acusam
Alceu de ter usado a estrutura do órgão e do CNMP para forçar subordinados a
votarem em Mariani.
Força
A empreitada de Alceu teria ainda
a participação direta do conselheiro do CNMP Jarbas Soares Júnior. Para os
procuradores, Alceu não mostrou, no entanto, o mesmo empenho para dar sequência
a denúncias relevantes contra personagens renomados de Minas.
Recorrente
Ao chegarem na mesa do
procurador-geral para apreciação, a maioria desses processos acabou engavetada.
No caso da investigação da Rádio Arco-íris, por exemplo, Alceu argumentou que a
denúncia deveria estar sob a guarda do procurador-geral. Não precisa nem dizer
que a investigação acabou arquivada pelo ínclito procurador “por ausência de
justa causa”.
Revolta
O ato impediu que o caso fosse
investigado pela promotoria e causou indignação no promotor João Medeiros, que
já havia iniciado suas apurações. Para o promotor, a PGJ fez uma ginástica
argumentativa absurda para justificar esse ato de força.

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