![]() |
| Cesar callegari, Sec. Educação. |
Em entrevista, Cesar Callegari,
da Educação, diz que propostas da prefeitura contemplam maioria das
reivindicações da categoria e que movimento iniciado no dia 2 está se
enfraquecendo
![]() |
| por Nicolau Soares |
De acordo com Cesar Callegari,
movimento nas escolas está entrando "em absoluta normalidade em muitos
lugares"
São Paulo – Os professores
municipais de São Paulo em greve desde o dia 2 de maio podem ter o ponto
cortado pela prefeitura caso as negociações não evoluam. “Assinalar ausência e
frequências é meu dever, dever de todo funcionário publico. Repito: é direito e
dever do grevista que sua ausência seja registrada como falta de greve. Agora,
ao final do processo, se for tema de negociação, negocia-se”, afirmou, em
entrevista à RBA, o secretário municipal de Educação, Cesar Callegari.
Segundo ele, 68 mil professores
receberão aumento salarial de 10,19% já neste mês, com impacto menor para os
educadores em início de carreira. O secretário considera uma “bazófia” a
afirmação dos sindicatos representantes da categoria de que o valor está
incluído na lei 15.215 de 2010, fruto de negociação com a gestão de Gilberto
Kassab. “Dizer que isso já estava combinado, no meu modo de entender, é uma
bazófia, porque é fácil prometer, difícil é cumprir. E somos nós que estamos
cumprindo, fazendo esforços”, defende.
Callegari espera que a greve seja
encerrada na assembleia marcada para esta sexta-feira (24), uma vez que, na
visão dele, o movimento já estaria perdendo a força. “Sabemos que o movimento
nas escolas está entrando em absoluta normalidade em muitos lugares. Tivemos 10
mil ausências ontem e o numero médio diário na rede municipal é de 9 mil, a
maioria por problemas de saúde”, diz.
Confira abaixo trechos da
entrevista, concedida hoje (23) por telefone.
Qual o principal impasse nas
negociações entre prefeitura e professores?
Francamente, não sei qual o
impasse. Espero que vejam as medidas apresentadas pelo governo em termos de
melhoria das condições de trabalho, que são medidas bastante avançadas e que já
estão sendo colocadas em prática, muitas delas faziam parte do programa de
governo. No que diz respeito a condições de trabalho, os avanços são muito
grandes para um governo de apenas 130 dias. São dez pontos que temos mais
diretamente tratado na mesa setorial da educação, todos com impacto direto nas
condições de trabalho nas escolas, cobrindo praticamente toda a pauta
apresentada pelas entidades sindicais. Algumas coisas não estão atendidas, mas
serão. Há uma mesa em pleno funcionamento, que já se reuniu quatro vezes em
três semanas. Este é um governo de diálogo com o professor.
E quanto à remuneração?
A demanda dos professores já está
sendo atendida também nesse sentido. Estou rodando a folha de pagamento desse
mês com 10,19% de aumento – e no ano que vem vai ter mais 13,43%.
Havia uma proposta de reajuste
além dessa no primeiro protocolo de negociação, com um aumento parcelado para
os próximos três anos. Por que ela foi retirada?
Na realidade, a proposta não foi
aceita pelos professores. É uma questão complexa, mas o fato é que há um
histórico na prefeitura de São Paulo que os aumentos lineares, atingindo todas
as categorias, é de 0,01%, para que a prefeitura pudesse desenvolver aumentos
setoriais onde considerasse mais importante. O histórico é todos os anos ser
0,01%, e algumas categorias receberam aumentos diferenciados, inclusive a
educação. O que Haddad se comprometeu na mesa de negociação geral com o
funcionalismo seria transformar esse 0,01% em valores maiores, que comporia um
aumento de 11,46% em três anos, a partir de 2014. Isso seria linear, para todos
os funcionários. Mas os sindicatos não aceitaram. A perspectiva da gestão é
corrigir distorções e injustiças entre o funcionalismo, com aumentos
específicos – em alguns casos de até 80% para os salários mais baixos, e como
está fazendo para a educação com os 10,19% nesse ano e 13,43% ano que vem. O
valor de 11,46% em três anos está no protocolo assinado por todas as 28
entidades sindicais para discutir. Não foi possível no momento, mas a discussão
continua. Quem se retirou dessa questão especificamente foi o Sinpeem. Mas na
mesa setorial de educação são bem-vindos.
O Sinpeem afirma que os 10,19%
que serão apicados nesse mês são na verdade a incorporação de um abono
complementar concedido naquela negociação.
O fato é que 68 mil professores
terão nos seus contracheques em 31 de maio mais 10,19%. Eles têm vários
mecanismos para ver a elaboração de seus holerites e já estão enxergando isso.
Embora isso nunca tenha estado na pauta dos sindicatos, não vamos esquecer
também dos professores que estão no início de suas carreiras, para os quais os
reflexos destes aumentos são menores. Somos herdeiros de um orçamento aprovado
no ano passado. Esses compromissos representam um grande esforço do governo e
vão ser honrados. Dizer que isso já estava combinado, no meu modo de entender,
é uma bazófia, porque é fácil prometer, difícil é cumprir. E somos nós que
estamos cumprindo, fazendo esforços.
Por que os professores em início
de carreira são menos atingidos?
Atinge menos porque muitos têm
complementação no salário, que vai diminuindo na medida em que aumenta o
salário. Muitos já superam o valor da complementação, mas no início da
carreira, não. O governo está atento e, embora isso não esteja na pauta de
nenhum dos sindicatos, entende que não pode deixar de olhar para essa parcela dos
professores e, tão logo tenhamos algum oxigênio orçamentário, vamos caminhar
para esse segmento também. Não que não estejam contemplados, mas os impactos
são menores. Somos herdeiros de um orçamento que não é nosso, feito no ano
passado, e na medida em que essas condições orçamentárias forem melhores, vamos
prosseguir valorizando os professores.
Haverá corte de ponto dos
professores em greve já neste mês?
Segundo o sindicato, em administrações
anteriores o salário foi pago contando com a reposição das aulas depois.
Sobre isso, tenho duas
considerações. Primeiro, esta administração é série e exige seriedade. Segundo
ponto: é direito e dever do grevista exigir que sua ausência seja registrada
como falta por motivo de greve. Estranha é a postura daqueles que querem fazer
greve e escamotear que estão em greve. Em nosso modo de entender, o grevista
deve se orgulhar de sua atitude e assumi-la em sua integridade. Se a reposição
dos dias parados for objeto das negociações finais para o fim da greve, o
assunto será objeto de negociação apropriadamente. Assinalar ausência e
frequências é meu dever, dever de todo funcionário publico. Repito: é direito e
dever do grevista que sua ausência seja registrada como falta de greve. Agora,
ao final do processo, se for tema de negociação, negocia-se. Sempre levando em
consideração a devolução para as crianças do que deixaram de ter, que é o
direito à educação. Em qualquer hipótese, o pagamento dos dias de greve implica
o compromisso de devolver os dias parados para as crianças de São Paulo.
Então, a possibilidade dos
professores em greve não receberem os dias parados está colocada?
Claro que está colocada. Depende
da atitude do sindicato e do seu processo de negociação. Espero que greve seja encerrada amanhã, formalmente,
pois já há um conjunto de medidas de condições de trabalho positivas, e de
remuneração também. E as que não puderam ser tomadas agora, existe uma mesa
setorial permanente em que os temas serão tratados e na medida do possível
resolvidos.
A prefeitura deve apresentar novas
propostas?
Não, tudo que tínhamos que
colocar foi clara e objetivamente colocado. Agora, sabemos que o movimento nas
escolas está entrando em absoluta normalidade em muitos lugares. Tivemos 10 mil
ausências ontem e o numero médio diário na rede municipal é de 9 mil. Em dia de
céu de brigadeiro, temos 9 mil ausências diárias, a maior parte delas por
motivos de saúde. Até por isso uma das coisas que está em nosso plano de
trabalho é um amplo programa de saúde e qualidade de vida para os educadores.
A avaliação da prefeitura é que a
greve está se enfraquecendo?
Sim, e por alguns motivos. Pela
compreensão por parte de muitos educadores do esforço feito pelo governo em
melhorar suas condições de trabalho, pela percepção de que a imensa maioria
terá aumento de salário a partir deste mês, e pelo compromisso com seus alunos.
Os professores sabem que os alunos não podem ser prejudicados por esse tipo de
luta. Por isso sempre considerei que essa greve puxada pelo sindicato é injusta
e precipitada, principalmente em relação às crianças.


Nenhum comentário:
Postar um comentário