segunda-feira, 19 de maio de 2014

A propagação de falsas verdades


      Na sexta-feira (16/05) vislumbrou-se um bom e fresco exemplo de uma prática fascista, de uma imprensa imperial e monopolista, quando uma palestra do ex-presidente Lula sobre a necessidade da diversificação dos meios de comunicação transformou-se em alguma coisa sobre “babaquice” e futebol – resultado de uma pinçada cirúrgica de uma fala maior e mais vibrante.

Cinquenta anos se passaram e a ditadura dos militares sobre a sociedade brasileira ainda vigora na sua forma mais sórdida. Não falo das torturas nas masmorras do poder e/ou das perseguições ideológicas, característica marcante da época, mas sim, do posicionamento ideológico dos órgãos de comunicação e seu engajamento em sustentar uma pauta anacrônica e deletéria ao povo brasileiro, de modo a propagar ideologicamente, através dos meios de que dispõem, falsas verdades de uma realidade posta.

É ridiculamente triste ver uma aglomeração de jovens jornalistas criar uma pauta conjunta tão inequívoca e frágil como a que se criou sexta-feira (16), principalmente em se tratando do ex-presidente Lula, um personagem político com tanta penetração e apoio na globosfera.

É triste saber que esses jovens funcionários das corporações midiáticas se obriguem a esta prática por sobrevivência e mais triste ainda quando o fazem por ideologia. A falta de pluralismo da imprensa tupiniquim e seu cinismo em desmistificá-lo através dos respectivos ombudsmans e que tais, nada mais são do que um reflexo perverso de uma imprensa monopolista que cresce e enriquece à sombra da ditadura de 1º de abril. Uma “agenda nacional” cunhada, não nos porões da ditadura, mas em seus salões. Um ideário que persiste até os dias de hoje, muitas vezes forma criminosa.

Pensamento único camuflado em “pluralidade”

De tal sorte que a imprensa – através dos seus principais órgãos de divulgação – passa a exercer um papel de mantenedor do status quo de determinados setores de nossa sociedade, legitimando as ações e pensamentos de seus interesses junto à sociedade em geral, mas principalmente, e perigosamente, impondo à população um pensamento unívoco, limitando o debate e restringindo a informação.

Muito embora a ideia de agenda nacional remonte ao governo militar, concebida pelo general Golbery do Couto e Silva e um grupo importante de jornalistas para assegurar a chamada “abertura lenta, gradual e irrestrita” do regime político de então, não deixa de ser inquietante, considerando o alto grau de polarização econômica e social da sociedade brasileira, que setores poderosos da mídia associados a setores econômicos também poderosos, ditem e determinem à sociedade o seu modo de pensamento de uma forma camuflada em “pluralidade”. A conclusão a que se chega é a de que, sem sombra de dúvidas, as ideias dominantes só podem ser as de interesse das classes dominantes, principalmente quando a Oposição à esquerda dessas ideias permanece calada em seus gabinetes refrigerados de Brasília.


 VEJA O VÍDEO:



*José Luiz Ribeiro da Silva é profissional liberal, Curitiba, PR

Nenhum comentário:

Postar um comentário