O jornalista e blogueiro Luis Nassif, um expert em desmontar factóides da
Veja, alertou hoje os internautas a tomarem cuidado com os blefes da revista.
Segundo ele, a Veja desta semana, blefou.
"Mais uma vez, Veja vendeu o que não tinha, ou muito mais do que tinha.
(…)
Veja não mostra papel, não mostra vídeo, não mostra um indício sequer
de que botou a mão na massa. Tanto quanto o Estado e a Folha, ouviu um relato
sobre o depoimento. A revista não cita fontes, reais ou fictícias. Não ousa
escrever que “teve acesso ao depoimento”. Sequer recorre ao surrado “uma fonte
ligada às investigações”.
Veja blefa, mais uma vez."
Os
cuidados com as jogadas da revista Veja
(em 06/09/2014)
LUIS NASSIF |
No final da tarde de sexta-feira, depois da primeira matéria da Agência
Estado sobre o suposto depoimento de Paulo Roberto Costa, o comentário geral
era que a revista Veja divulgaria todo o depoimento e a lista de políticos
citados (que chegava a 62).
A revista estimulou o boato, antecipando para as 18h a divulgação da capa
da semana. Uma capa genérica, sem nomes. O texto anunciava que eles viriam na
edição impressa, junto com informações exclusivas sobre o “esquema de corrupção
da Petrobras”.
Mais uma vez, Veja vendeu o que não tinha, ou muito mais do que tinha.
Quanto a nomes, dois ex-governadores, a governadora Roseana, o ministro Lobão,
um ex-ministro do PP, oito parlamentares e o tesoureiro do PT. Os suspeitos de
sempre.
A revista não traz as prometidas informações sobre negociatas na
Petrobras. O único exemplo mencionado é uma notícia requentada sobre uma
operação de debêntures, que supostamente envolveria a Postalis (e que não se
realizou porque os supostos autores foram presos).
Sobrou a embalagem. Sobrou? Veja não mostra papel, não mostra vídeo, não
mostra um indício sequer de que botou a mão na massa. Tanto quanto o Estado e a
Folha, ouviu um relato sobre o depoimento. A revista não cita fontes, reais ou
fictícias. Não ousa escrever que “teve acesso ao depoimento”. Sequer recorre ao
surrado “uma fonte ligada às investigações”.
Veja blefa, mais uma vez. Mas alguém conversou sexta-feira com a revista
e com os portais, e vendeu um prato requentado. E quase simultaneamente, o
Valor informava sobre mais um advogado que deixava a defesa de Paulo Roberto.
Assim, de repente, sem explicações.
Um advogado à solta, neste momento, é conveniente para ocultar e lançar
pistas falsas sobre a fonte do vazamento. Fonte criminosa, posto que a delação
corre em sigilo.
A bola está com a direção da PF, com o PGR e com o ministro Teori, que
podem dar um basta nesses vazamentos seletivos.
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