O governo do
Paraná tem dez dias para responder quanto gastou em spray de pimenta, gás
lacrimogênio e balas de borracha no dia 29 de abril. A determinação consta
nos ofícios 73 e 74/2015 do Ministério Público de Contas (MPC),
assinados no dia seguinte ao confronto entre policiais militares e
pessoas impedidas de acompanhar a votação de projetos de lei na Assembleia
Legislativa do Paraná (Alep).
Livre.jorteve acesso à íntegra dos ofícios, reproduzidos logo abaixo, cuja autenticidade
foi confirmada hoje pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) – órgão ao qual o
MPC é vinculado. No documento, Michael Reiner, procurador-geral do Ministério
Público de Contas, intima o secretário estadual da Segurança Pública, Fernando
Francischini, e o chefe da Casa Militar, Adilson Casitas, a fornecerem essas
informações.
O documento
questiona ainda quantos policiais participaram da operação do dia 29 de abril,
se eram de Curitiba ou se foram deslocados do interior para cá com o intuito de
participar do cerco da Alep. Nesse último caso, pergunta quantos PMs ficaram
nas cidades de origem. Dos que se deslocaram, o MPC quer saber o valor das
diárias e onde os membros da Polícia Militar ficaram alojados.
A estimativa
de quanto armamento não-letal foi gasta é um dos itens dos ofícios, que
cita expressamente a necessidade do Estado informar despesas com spray de
pimenta, gás lacrimogênio e balas de borracha – “indicando os totais
utilizados”. Por último, pede que seja confirmada, ou desmentida, a
informação sobre suposta prisão de policiais que se opuseram a participar da
operação. Se confirmada, o MPC solicita nome e patente dos PMs, assim como
descrição das providências adotadas.
O próprio TCE
divulgou, nesta terça-feira (4), que o MPC passaria a investigar o ocorrido no
dia 29 de abril, “sob os aspectos orçamentários e administrativos” – mais de
200 pessoa feridas, das quais cerca de 20 policiais, num confronto em praça
pública que rende notícias nacionais desde a semana passada.
“Quanto à
alteração na composição dos fundos do Paranaprevidência, aprovada pela
Assembleia Legislativa do Estado, o MPC também está tomando medidas atinentes
ao exame da sua constitucionalidade e do impacto na saúde financeira do Estado
(no médio e longo prazo). Outro aspecto a ser analisado são as possíveis
repercussões negativas da decisão na estruturação das carreiras de Estado”, diz
nota divulgada nesta segunda-feira.
Parte dessas
questões levantadas pelo MPC já havíamos registrado no pedido de
informações 19143/2015, para o qual aguardamos resposta do governo do
Paraná. Outras foram sugeridas por leitores, como o dinheiro público gasto com
munição não-letal, mas que agora estão contempladas pelos ofícios do Ministério
Público de Contas. Vamos acompanhar o desenrolar da história e divulgar assim
que soubermos.
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