
Cantor Amado Batista era dono de
livraria na juventude e abrigou intelectuais considerados subversivos e por
isso foi torturado durante o regime militar.
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Com informações do Terra |
Em entrevista a jornalista
Marília Gabriela, em seu programa De Frente com Gabí, o cantor Amado Batista
disse sobre um dos momentos mais terríveis da história do Brasil, a ditadura
militar, que “eu acho que eu mereci. Eu fiz coisas erradas, então eles me
corrigiram, assim como uma mãe que corrige um filho”.
Na juventude, Amado Batista
trabalhava numa livraria e com este emprego conheceu e facilitou o acesso de
alguns escritores, jornalistas e intelectuais aos livros proibidos na época,
geralmente de filosofia, política, entre outros. Por esta razão, foi preso
pelos militares durante as investigações contra os intelectuais considerados
subversivos no período de exceção. “Me bateram muito. Me deram choques
elétricos, e ainda um dia me colocaram com uma cobra”, recordou.
O músico também recordou as
inúmeras torturas psicológicas e ameaças de morte que sofreu naquele período.
“Um dia me soltaram. Todo machucado. Fiquei tão atordoado que pensei em ser
mendigo. Queria largar tudo. E virar andarilho”, falou. Quando respondeu a um
questionamento sobre a Comissão Nacional da Verdade e se teria vontade em expor
a verdade sobre sua história, ele disse que tudo que passou foi por
merecimento.
Marília boquiaberta retrucou:
“Que coisa errada você fez?”. Amado prontamente disse: “Eu acho que eu estava
errado de estar contra o governo e ter acobertado pessoas que queriam tomar o
país à força”, e acrescentou: “Fui torturado, mas merecia”. A repórter foi
enfática: “Você passou para o lado de quem te torturou!”. O cantor tentou
finalizar o assunto dizendo que era passado e que achou que os militares
estavam certos, pois se eles não fizessem “aquilo” o Brasil poderia ter se
tornado uma Cuba.
Gabí disse que entendia a posição
do músico, mas contou que Amado recebe uma indenização pela tortura no tempo da
Ditadura Militar, oferecido pela Comissão de Direitos Humanos e da Lei de
Anistia e quis saber o valor do salário mensal. Amado resistiu um pouco, mas
depois respondeu: “Eu recebo um salário de R$ 1 mil e pouco, todo mês desde
algum tempo”, finalizou ele.
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